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O Custo Psíquico do Trabalho: Quando a Psique Pede Licença

Quando o trabalho adoece, o corpo fala e a psique pede pausa, é hora de escutar o que o sintoma tem a dizer.

Em 2024, o Brasil registrou mais de 470 mil afastamentos por transtornos psíquicos, um número alarmante que reflete não apenas estatísticas, mas histórias de sofrimento, esgotamento e silêncios prolongados. Esse dado, divulgado por fontes confiáveis, evidencia uma crise silenciosa que se desenrola nos bastidores das empresas, escritórios e lares: a do adoecimento mental relacionado ao trabalho.

O Trabalho como Sintoma

Na perspectiva psicanalítica, o trabalho ocupa um lugar central na constituição do sujeito. Ele não é apenas uma fonte de sustento, mas também um espaço de reconhecimento, desejo e realização. No entanto, quando o trabalho se torna excessivamente exigente, desumanizado ou desconectado do desejo do sujeito, ele pode se transformar em um sintoma.

Freud já apontava para a importância do trabalho na saúde mental, considerando-o uma das formas de sublimação das pulsões. Contudo, quando o trabalho deixa de ser um espaço de expressão e passa a ser um campo de sofrimento, é necessário escutar o que esse sintoma está dizendo.

Burnout: A Epidemia do Século XXI

O termo "burnout", ou síndrome do esgotamento profissional, tem se tornado cada vez mais comum no vocabulário corporativo. Caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal, o burnout é um reflexo de ambientes de trabalho tóxicos, metas inalcançáveis e a constante pressão por produtividade.

Lacan, ao discutir a lógica do discurso capitalista, já alertava para a insaciabilidade do desejo de produção e consumo. Nesse discurso, o sujeito é levado a acreditar que sempre falta algo, impulsionando-o a uma busca incessante por mais. No contexto laboral, isso se traduz em jornadas extenuantes, autoexploração e a ilusão de que o valor pessoal está diretamente ligado à performance.

A Clínica como Espaço de Escuta

Diante desse cenário, a clínica psicanalítica se apresenta como um espaço privilegiado para a escuta do sofrimento psíquico relacionado ao trabalho. É no setting terapêutico que o sujeito pode colocar em palavras o que o corpo já vem denunciando: insônia, ansiedade, crises de pânico, depressão.

No Instituto Nós e Laços, acreditamos na importância de oferecer um espaço acolhedor e ético para que cada indivíduo possa compreender as raízes do seu sofrimento, ressignificar sua relação com o trabalho e, sobretudo, reencontrar-se com seu desejo.

Repensando o Valor do Trabalho

É urgente repensar o lugar que o trabalho ocupa em nossas vidas. Mais do que uma fonte de renda, ele deve ser um espaço de realização, pertencimento e expressão. Para isso, é fundamental que empresas, gestores e colaboradores estejam atentos aos sinais de adoecimento e promovam ambientes saudáveis, empáticos e humanizados.

A saúde mental não é um luxo, mas uma necessidade básica. E reconhecer isso é o primeiro passo para construir uma sociedade mais justa, equilibrada e saudável.


Você trabalha para viver ou vive para trabalhar? Até que ponto o seu trabalho está custando a sua saúde mental?

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